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Seminário do IETS e do Instituto Unibanco sobre "Educação brasileira: diagnósticos e alternativas"

20 de outubro de 2005 - Instituto Unibanco, São Paulo - SP

O evento destacou temas como a relação entre o ensino básico e a desigualdade social no Brasil, em palestras ministradas por importantes personalidades do meio acadêmico e educacional.

Data: 20 de outubro de 2005
Local: Realizado no Instituto Unibanco em São Paulo

Temas abordados

Educação e Desigualdade Social no Brasil
Naércio Aquino Menezes Filho

A problemática da distribuição de renda no país, que apresenta um dos piores indicadores mundiais para a relação entre pobreza e PIB, continua a prevalecer nas duas últimas décadas, a despeito das políticas governamentais empreendidas até aqui. E essa desigualdade social possui vínculo direto com a educação, como atestam os elevados diferenciais de salário associados à graduação escolar analisados pelo professor da FEA-USP. Entre as medidas imediatas apontadas para a reversão desse quadro está a melhoria da qualidade da educação pública.

Como anda a educação básica no Brasil?
Creso Franco

Ao longo dos últimos quinze anos, foram criados no Brasil eficientes sistemas de avaliação da educação e aperfeiçoados os sistemas de informação educacional. A produção de pesquisas passou a orientar os gestores públicos interessados em formular políticas baseadas em evidência. Com base nesses indicadores, o professor da PUC-RJ mostra que a reprovação escolar ainda é um sério problema no país, que o fluxo escolar precisa ser melhor equacionado e que a polarização do debate sobre a forma de organização do Ensino Fundamental deixa de focalizar o tema mais pertinente da limitação e da problemática do ensino estruturado em séries e ciclos.

Os determinantes do desempenho escolar: as condições socioeconômicas e as características das instituições
Francisco Soares

A relação entre qualidade, compreendida como o que a escola acrescenta depois de considerado o nível socioeconômico dos alunos, e eqüidade, entendida no âmbito do quanto a instituição de ensino acirra ou atenua o efeito do nível socioeconômico no desempenho, foi estuda pelo professor da UFMG em escolas municipais de Belo Horizonte. A autonomia da escola, a organização do ensino, e a gestão de pessoas, infra-estrutura e do projeto pedagógico estão entre os caminhos indicados para a correção de distorções no processo educacional.

O papel da pesquisa na formulação de políticas educacionais
Maria Helena Guimarães de Castro

Os avanços conquistados na última década pelo processo de avaliação aplicado à educação foram analisados pela secretária do Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo, que constatou a importância de hoje existirem estatísticas confiáveis e atualizadas e indicadores de fluxo e eficiência do sistema. Além dos efeitos diretos na formulação e gestão de políticas públicas, a nova cultura avaliativa fornece subsídios para a formação do docente, aceleração da aprendizagem e combate à repetência.

A avaliação de resultados e os sistemas de accountability
Nigel Brooke

A implantação na Inglaterra e Estados Unidos, a partir dos anos 80, dos sistemas de accountability, que propõem a "responsabilização" de professores e gestores pelos resultados da escola, e sua viabilização como política de melhoria de resultados escolares no Brasil foram analisadas pelo professor e consultor da UFMG. Entre os pontos altos de sua aplicação estão o controle mais efetivo sobre o currículo, autoridades educacionais locais e a escola, e o atendimento à demanda pública para a melhoria da qualidade da educação.

A experiência da educação de jovens e adultos
Alvana Bof

Com os índices de analfabetismo em queda no país, a superposição de funções entre o ensino regular e a educação de jovens e adultos, que responde por menos de 10% das matrículas proporcionais relacionadas a esse público, foi analisada pela oficial sênior na área de educação da Unesco, que propõe um redimensionamento dos cursos de EJA para atender de forma mais qualificada adolescentes e jovens adultos, de 15 a 24 anos, que ainda vêem o sistema com ressalvas, sobretudo por seu baixo prestígio social. A saída é consolidar uma escola com identidade própria, que considere o contexto social e as aspirações educacionais e profissionais dessa faixa etária.

Alternativas de políticas educacionais
Cláudio de Moura e Castro

A má aplicação dos recursos em educação, os problemas crônicos no modelo de gestão das escolas e as deficiências na formação dos professores são algumas das fragilidades estruturais do sistema educacional brasileiro apontadas pelo presidente da Faculdade Pitágoras, de Belo Horizonte. Para superar essas vulnerabilidades históricas, em busca de um ensino mais qualificado e eficiente em resultados, a proposta é agir em várias frentes, manter estratégias de longo prazo, assumindo o custo político dessas ações, além de envolver atores de peso e a própria sociedade no processo.