Algumas pessoas se tornam importantes pela magnitude de suas realizações; outras por sua influência sobre nossos destinos ou por sua incomparável inteligência. Uma pessoa, no entanto, se torna verdadeiramente importante e influente entre nós quando nos ensina o que somos; quando escancara e nos permite ver a beleza, o significado de sermos humanos.

Isso é André na essência: sem medo de viver e errar, mas profundamente preocupado com as consequências que qualquer erro possa causar; sem medo da alegria; sem medo de confiar cegamente, mesmo que possa se desapontar. Num mundo marcado por ondas de intolerância e desânimo, André foi sempre e será sempre uma sólida lembrança de que não somos, nem precisamos ser, nada disso. A vida e a memória do André estão e estarão sempre ligadas à celebração da vida e da beleza e da grandiosidade de sermos humanos. Acima de tudo, uma lembrança permanente sobre a capacidade humana, talvez única, de sonhar acordado e de buscar alcançar com paixão, graça, harmonia e delicadeza grandes realizações coletivas.

Como algumas substâncias que com uma única gota podem num passe de mágica dar cor a um jarro de água, a morte de um único André faz com que a vida fique mais morta e que a morte fique mais viva. Se pudéssemos mandar mensagens ao André, certamente entre elas estaria: Seremos como você, André (parafraseando a celebre máxima cubana). Com muito carinho e delicadas lembranças,

Mirela de Carvalho e Ricardo Paes de Barros