Motivação

O crescimento econômico de um país, em geral, vem acompanhado de declínios na pobreza. Mesmo o crescimento concentrador de renda típico do Brasil nas décadas de sessenta e setenta trouxe importantes avanços. A grande incógnita é quanto o crescimento poderá efetivamente gerar de reduções na pobreza. A resposta dependerá invariavelmente das características do crescimento e da política social vigente.

Em situações de ampla incorporação de alta tecnologia ou de exploração de recursos naturais por parte de um pequeno grupo de grandes empresas operando numa sociedade com uma débil política social, em particular, com baixos investimentos em educação, o impacto do crescimento econômico na redução da pobreza é limitado. Poucos empregos são gerados e estes costumam exigir elevada qualificação ou qualificações específicas, beneficiando assim a um grupo pequeno de trabalhadores, os quais nem sempre são nativos da região.

Entretanto, mesmo um crescimento deste tipo, altamente concentrador, se acoplado a uma política social adequada poderá levar a significativas reduções no grau de pobreza. A chave estará no adensamento das cadeias produtivas e em educar/qualificar a população nativa para as novas atividades. Isto porque o adensamento das cadeias produtivas gera um efeito multiplicador na geração de postos de trabalho locais. Os investimentos em educação e capacitação, por sua vez, permitem que a população nativa esteja apta a trabalhar e se beneficiar dos postos de trabalho gerados, de forma que o desenvolvimento econômico ocorra sem necessariamente uma massiva migração de trabalhadores qualificados.

Este cenário concentrador não é estranho ao Espírito Santo. As perspectivas são de um crescimento liderado por poucas empresas com alta tecnologia e intensivo uso de recursos naturais. Além disso, o estado parte de um estoque de trabalhadores com baixa escolaridade e com qualificações extremamente defasadas em relação ao que se demanda. Desta forma, permitir que o crescimento beneficie aos mais pobres passa de forma imprescindível por redesenhar as políticas educacionais.

Objetivo

O objetivo deste estudo é avaliar o desempenho educacional no estado do Espírito Santo, além de identificar e quantificar seus fatores determinantes. As análises serão desagregadas, sempre que as informações permitirem, ao nível dos municípios e das microrregiões mais pobres. A fim de transferir o conhecimento acerca da metodologia e sua aplicação, todas as atividades serão executadas em parceria com o IPES, estando prevista inclusive a capacitação de técnicos desta instituição.

As fontes de informação utilizadas serão todas as disponíveis, incluindo: PNADs, PPV, PNDS, POF, Censo Escolar, Censo da Educação Indígena, Censo dos Professores, Censo da Educação Profissional, Censo da Educação Infantil, Censo da Educação Superior, SAEB, ENEM, Provão, entre outras. A profundidade e a atualidade dos resultados estarão limitadas pelas características destas bases de dados, uma vez que não se está prevendo um levantamento primário de informações.